O Chile transpira pelos Andes e pelas artes, dois grandes nomes nas artes, arte de contestação, arte revolucionária, são mundialmente conhecidos. O primeiro, e talvez mais famoso, é Pablo Neruda, poeta que morreu de desgosto ao ver seu país afogado na ditadura de Pinochet, o outro é Victor Jará, cantor, músico, compositor, diretor de teatro e professor universitário, assassinado deixou como marca maior suas belas canções. Como gritos de liberdade e esperança para um povo.
Hoje o Chile é livre, não como sonharam Neruda e Jara, mas, já não repousa sobre as mãos de ferro de Pinochet.
Algumas imagens impressionam em Santiago do Chile: a imponente cordilheira, o número de escolas, liceus, universidades espalhadas pela cidade, um povo branco, um pouco mais rico e um povo de descendência indígena, um pouco mais pobre. Lembra muito São Paulo, camelos (com direito a uma espécie de rapa, que corre atrás dos ambulantes).
A cidade também é bem plana, quase nunca tem subida, só nos grandes eixos viários, ou nos arques aos pés da cordilheira. As pessoas são simpáticas e amáveis conosco, estrangeiros (mas, nem tanto). Partilhamos de um mesmo ‘destino’ de país pobre subdesenvolvido, com muita desigualdade.
Nossos rostos não são tão estranhos, talvez algum sotaque no espanhol, mal falado, mas compreendido. Somos ainda mais familiares, ao mesmo tempo mais estrangeiros no Hip Hop, nossas roupas destoam (naipe de grande artista), na batalha de break todos olham.
Mas, o mais impressionante fica para a Fundacion Victor Jara. De cima do palco do Galpon que leva o mesmo nome vimos um público encantado, dançando e cantando junto conosco.
Se é emocionante sair do Brasil e ver como os hermanos e hermanas recebem nosso som? Não tenho dúvidas, a cada verso que cantávamos e o público se empolgava, mais fazia sentido conhecer o Chile, mais fazia sentido o Neruda, o Jara e tudo o que passamos.
